Poesia
que fala sobre a perda de um filho.
Quando se pensava haver vida
Já estava ele de olhos
fechados e inertes
Mas o primor continuava
Exalava ainda assim o seu
perfume
E o morgado se perdia em
nuvens
Não respirava o ar, não
possuía mais vigor
E tenho certeza, pois o
carreguei no colo
E era gélido seu contorno
E seus sonhos inerentes
De zíngaros tocando,
lamentos ao vento
Não os tinha mais
E me desfiz em lágrimas, e
despi meus lamentos
Meus soluços por ele em vão
E olhei seu corpo de anjo
E o cobri com manto púrpura
E então o carreguei no
ventre
Como se fosse mãe, mas era
ama
E acompanhei o morgado em
seu último passeio
Ao seu último leito
E o deixei em mãos vazias,
em mãos tão frias...
Como seu próprio corpo
E chorei ao ver partir
E partiu em um instante
breve, deixando em mim
Sua infinita imagem alva,
branca como o leite que bebia
Deixando em mim
A marca de seu contorno, o
cheiro de neném novo
E gargalhei histérica ao
entregá-lo ao céu
E corri liberta
E o esqueci depois de anos,
pois não era meu
O morgado perdido e morto
Que carreguei no colo.
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