segunda-feira, 9 de maio de 2011

Marjorie em “A espera” texto 7




Nesse texto Marjorie mostra outro lado seu, um lado que está começando a aflorar depois de tantos momentos de solidão. O lado irredutível.

imagem:cerebromasculino.com
 
Quando esperamos, paramos. Nesse meio tempo, sofremos. E então pensamos indefinidamente em tudo.
            Ele esperava que ela o procurasse, as mulheres não eram realmente eficientes na arte de manterem-se firmes. Henrique conhecia os seus sentimentos, estava certo do seu amor por ele, era só ter um pouco mais de paciência e ela estaria em suas mãos.
            Ele sabia como agiam as mulheres, primeiro que ele próprio havia investido muito nessa história, estava na hora de receber de volta o seu investimento que durara anos de dedicação indireta, ela sabia.
            Apesar de ausente, ele sempre se mantivera por perto, era um ótimo estrategista, e não planejara nada por mal, justificava suas investidas para si mesmo negando que fosse amor.
            Não poderia ser, repetia ele. Henrique não acreditava em romances eternos, isso era coisa de fêmea, um homem como ele aprendera que amar é para os fracos e ele se tornara forte quando o amor o renegou, não permitiria que ele de novo o fizesse.
            Quando recebeu aquela carta, um sorriso cúmplice o contagiou, ela voltara, logo estaria de novo em seus braços. As linhas não continham palavras de amor, mas não se importava com isso, um homem sabe que uma mulher antes de amar, cuida. Era uma questão de tempo.
            E ele precisava desse cuidado, mas não poderia assumir suas fraquezas e mentiu.
            E agora só, esperava por ela. Um telefonema.
            As mulheres sempre ligam, são ansiosas, não conseguem conter-se, são intempestuosas, ou usam outros métodos de aproximação, ela buscaria uma forma de encontrá-lo novamente.
            Era só esperar!
            Se a tivesse nos braços novamente, dessa vez não a deixaria escapar, a seduziria, ele sabia como fazê-lo. O tempo não apagara seu desejo por ela. Ele sentira seu desespero, seu tremor no primeiro encontro, respeitou o seu medo, e fora esse seu erro, ela escapara pelos seus dedos.
            Era só esperar!
            Estava decidido a não deixá-la mais ir, precisava tê-la outra vez, ansiara por tanto tempo por isso. Era questão de tempo, repetia... Tempo.
            Agora já não estava tão seguro de si, tinha dúvidas, também precisava saber esperar. Um homem sabe.
            Mas Marjorie também aprendera.
            Ele a ensinou.

Sara Mel

A música que escolhi hoje é “IF were a boy” da Beyoncé. Achei que tinha muito a ver com o atual momento em que Marjorie está vivendo. 

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