domingo, 27 de março de 2011

Marjorie em "Flores" texto 2

Imagem retirada de: estelaflores.com.br

Ela sempre soube como usar as pessoas, nunca o fazia por mal, mas sempre conseguia o que queria, e depois esquecia que não fizera sozinha.
            Tinha que ser hoje decidira que aproveitaria o momento, dia melhor não haveria, acabaria agora a batalha que travara durante anos sozinha, a luta entre o que era perfeito e imperfeito, o certo e o errado, a saudade e o que poderia fazer para nunca mais sentir sua ausência de novo.
            Comprou flores, que não seriam suas, seu perfume não importava, sua forma singular ela não percebeu, nem a cor carmim a fez esquecer seu objetivo, nesse momento lúgubre deveria vê-lo apenas.
            Marjorie não queria muito, não seria necessário muito tempo, ela não poderia permanecer ali diante de tanta angustia por mais que o necessário, poucos minutos bastaria, ela conhecia o poder que tinha sobre ele, e hoje ela decidira não mais poupá-lo.
            Seus passos eram retos, as pessoas a viam caminhar, carregava flores, um sinal tão terno, quem as receberia, não importava, nunca saberia que aquelas estavam sendo usada para conquistar, era a desculpa perfeita para chegar até ele, para que fosse vista.
            E Marjorie saberia como se controlar, seu coração deveria acalmar-se, ela seria como um animal quando avista sua caça... Saborosa, atraente, suculenta, desejada e ela estava faminta.
            Seu corpo deveria acalmar-se, ela sempre tivera controle sobre ele, como sempre sossegava seu coração. Caminharia lentamente, não era mais possível retroceder, queria aquele encontro, desejava vislumbrar de novo aquele olhar mesmo que melancólico e era dela aquela voz, que agora estava trêmula. E os minutos necessários serviriam ao seu propósito, no fundo estava triste, mas ele saberia disso quando a visse chegar.
            Minutos que ele não poderia mais esquecer, seus lábios se abririam, ele deveria dizer o seu nome outra vez, Marjorie, e disse. E sentiu que somente isso não bastaria, mas ela astuta, sabia que quanto menos tempo ele tivesse, menos ficaria livre, enlaçou seu pescoço, beijou suavemente a sua face, deu de ombros e partiu.
            Marjorie sorriu triste, não poderia ser diferente naquele instante, e um êxtase absurdo a invadiu, sentiu o poder daquele desejo até então adormecido, sabia que olhos a seguiam, olhos sombrios que não a poderiam ter e era exatamente o que queria.
            Marjorie deveria agora desfazer-se das flores e por última vez sentir o seu perfume, ela agora admirava cada pétala, cada forma, as flores serviram e quem as receberia jamais as veriam.  

Sara Mel
27/03/2011

 

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